ATA DA OCTOGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 26.10.1998.
Aos vinte e seis dias do mês de outubro do ano de
mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi
efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos
Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Elói
Guimarães, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Carlos
Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz,
Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante a Sessão,
compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada,
Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta,
Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo Leal e Sônia Santos. Constatada a
existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Octogésima
Sexta Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Octogésima Quarta Sessão
Ordinária e a Ata Declaratória da Octogésima Quinta Sessão Ordinária, foi
aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 01
Pedido de Providências; pelo Vereador Eliseu Sabino, 01 Pedido de Providências;
pelo Vereador Jocelin Azambuja, o Projeto de Lei do Legislativo nº 151/98
(Processo nº 2999/98). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 434, 436, 437, 438,
439 e 440/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 01/98, do Senhor
Carlos Henrique Thaddeu Bandeira, Presidente do Conselho Estadual de
Trânsito/RS. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, estiveram, em 4ª Sessão,
o Projeto de Lei do Executivo nº 35/98, discutido pelos Vereadores Cláudio
Sebenelo, Adeli Sell e João Dib, os Projetos de Lei do Executivo nºs 36, 37, 39
e 38/98, este discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol. A seguir, constatada a
existência de “quorum”, foram aprovados os seguintes Requerimentos, solicitando
Licença para Tratar de Interesses Particulares: do Vereador Nereu D’Ávila, para
o período de vinte e seis a vinte e nove de outubro do corrente, tendo o Senhor
Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Milton Zuanazzi,
informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Constituição e Justiça;
do Vereador Pedro Ruas, para o dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado
empossado na vereança o Suplente Mário Fraga, informando que Sua Excelência
integrará a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento. Ainda, foi apregoada
declaração do Suplente João Bosco Vaz, informando o impedimento de Sua
Excelência em assumir o mandato neste Legislativo. Em PAUTA, Discussão
Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 96,
146 e 149/98, discutidos pelo Vereador Reginaldo Pujol, o Projeto de Resolução
nº 45/98; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 144, 145 e
147/98, discutidos pelo Vereador Reginaldo Pujol; em 3ª Sessão, o Projeto de
Lei Complementar do Executivo nº 06/98. A seguir, constatada a existência de
“quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA e foi aprovado Requerimento do Vereador
Luiz Braz, solicitando votação em destaque do inciso VI do artigo 16, do
parágrafo único do artigo 11, do artigo 1º, do artigo 14 e de item do Anexo II,
todos referentes ao Projeto de Lei do Executivo nº 17/98, parcialmente vetado.
Na oportunidade, face Questões de Ordem dos Vereadores Isaac Ainhorn e
Reginaldo Pujol, o Senhor Presidente prestou informações sobre os procedimentos
a serem adotados durante a apreciação dos destaques apostos ao Projeto de Lei
do Executivo nº 17/98. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi votado
destacadamente e rejeitado o inciso VI do artigo 16 do Projeto de Lei do Executivo
nº 17/98, considerando-se aceito o Veto a ele aposto, por quatorze votos SIM e
quatorze votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Reginaldo
Pujol, João Dib, Cláudio Sebenelo e Adeli Sell, tendo votado Sim os Vereadores
Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Hélio
Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Paulo Brum,
Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e Tereza Franco e Não os
Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói
Guimarães, Gerson Almeida, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro
Hagemann, Maria do Rosário, Renato Guimarães, Mário Fraga e Milton Zuanazzi. Em
Discussão Geral e Votação Nominal, foi votado em destaque e rejeitado o
parágrafo único do artigo 11 do Projeto de Lei do Executivo nº 17/98,
considerando-se aceito o Veto a ele aposto, por quatorze votos SIM, onze votos
NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib,
Cláudio Sebenelo, Reginaldo Pujol e Renato Guimarães, tendo votado Sim os
Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Eliseu
Sabino, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel,
João Dib, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Sônia Santos e Tereza
Franco; Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Clovis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann,
Maria do Rosário, Renato Guimarães e Mário Fraga e tendo optado pela Abstenção
o Vereador Milton Zuanazzi. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o
artigo 1º do Projeto de Lei do Executivo nº 17/98, com votação em destaque,
que, após ser encaminhado à votação pelo Vereador João Dib, deixou de ser
votado face a inexistência de “quorum” deliberativo. Na ocasião, face às
Questões de Ordem formuladas pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Elói Guimarães
e Juarez Pinheiro, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do
Projeto de Lei do Executivo nº 17/98. Ainda, a Vereadora Maria do Rosário
formulou Requerimento verbal, solicitando alteração na ordem de apreciação da
matéria constante na Ordem do Dia. A seguir, o Senhor Presidente informou ao
Plenário que suspenderia os trabalhos da presente Sessão, para a realização de
reunião da Comissão de Constituição e Justiça, tendo os Vereadores Maria do
Rosário e Juarez Pinheiro manifestado-se a respeito. Às dezesseis horas e
quarenta e cinco minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos, para a
realização de reunião da Comissão de Constituição e Justiça, sendo retomados às
dezoito horas e três minutos, constatada a existência de “quorum”. A seguir, o
Senhor Presidente prestou informações acerca do ponto facultativo a ser
observado nesta Casa, no dia trinta de outubro do corrente, em virtude do
feriado alusivo ao “Dia do Funcionário Público”. Às dezoito horas e dez
minutos, constatada a inexistência de “quorum” deliberativo, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz e Juarez Pinheiro e
secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Reginaldo Pujol. Do que eu,
Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Passamos à
PAUTA ESPECIAL - DISCUSSÃO PRELIMINAR
4ª SESSÃO
PROC.
2888/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 035/98, que estima a Receita e fixa a Despesa da
Administração Direta do Município para o exercício econômico-financeiro de
1999. Com Anexos I e II.
PROC.
2889/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 036/98, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Água e Esgotos para o exercício econômico-financeiro
de 1999. Com Anexo I.
PROC.
2890/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 037/98, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Limpeza Urbana para o exercício econômico-financeiro
de 1999. Com Anexo I.
PROC.
2891/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 038/98, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Habitação para o exercício econômico-financeiro de
1999. Com Anexo I.
PROC.
2892/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 039/98, que estima a Receita e fixa a Despesa da
Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC para o exercício
econômico-financeiro de 1999. Com Anexo
I.
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Cláudio Sebenelo está com a palavra
para discutir a Pauta Especial.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero,
em nome da Bancada do PSDB, apresentar aos componentes da Bancada do Partido
dos Trabalhadores e partidos coligados os cumprimentos da Bancada do PSDB pela
brilhante, competente e, por que não?, merecida vitória conquistada
legitimamente nas urnas. Foi um momento em que o Rio Grande do Sul ostentou uma
postura democrática, uma festa do povo onde, entre vencidos e vencedores, muito
provavelmente vença o Rio Grande do Sul.
Passo
a usar o tempo de Pauta Especial para, mais uma vez, tratar do assunto saúde,
que ontem foi mencionado na entrevista do Vice-Prefeito José Fortunati. Entre
as alegações que fazia a respeito de diversas áreas do Município, tecia loas à
área da saúde e dizia que mais de 14% do Orçamento do ano de 1998 haviam sido
aplicados em saúde. Evidentemente, do nosso ponto de vista, essa cifra se
encontra muito distante dos 14%, principalmente quando temos incluída a
municipalização da saúde, através do SUS, a importância de 244 milhões que,
retirada das receitas correntes, nós teríamos uma cifra de 550 milhões. Na
verdade, a relação entre 550 milhões e 244 milhões, como receitas correntes,
dá, aproximadamente, 50% do valor total da receita corrente no exercício
econômico-financeiro de 1999. Este é o ponto que eu gostaria de debater: alguns
aspectos fundamentais na área da saúde.
Sabe-se
que um sistema de saúde se compõe, numa visão integrada, de três compartimentos
fundamentais: o primário, o secundário e o terciário. Por outro lado, o
Município deve estruturar-se, quando municipalizada a saúde, em distritos. O
que se entende por um distrito de saúde? Um distrito de saúde é a composição de
um número de postos suficientes que abrangem uma população de mais de duzentas
mil pessoas, acoplados a um grande ambulatório especializado, que chamamos de
secundário, e ao hospital, que é o terciário, a um grande sistema hospitalar,
como, por exemplo, é o caso do Grupo Hospitalar Conceição e os postos de saúde,
na periferia da Zona Norte, na intimidade do tecido social. A isso nós chamamos
de um distrito de saúde. Quatro distritos de saúde cobrem perfeitamente as
necessidades da população de Porto Alegre. Temos quatro grandes grupos de
hospitais. Faltam postos de saúde e ambulatórios nas zonas mais carentes. Entre
a população carente de Porto Alegre, nós temos mais de 50% dessas pessoas não
abrangidas pelo processo primário. Quando esse processo primário não abrange
mais de 50%, nós alertamos que não existe uma política municipal de saúde completa.
Quero
ser repetitivo, quero ser enfático nesse aspecto, porque pouca coisa falta na
Cidade de Porto Alegre para que se estabeleça um sistema muito próximo às
necessidades da população. Há a alegação de que muitas pessoas do Interior
chegam à Cidade de Porto Alegre, não só como referência e contra-referência,
mas também como uma demanda do Interior pela insuficiência do Sistema Único de
Saúde - e isso é verdade. Porto Alegre sofre esse assédio das populações do
Interior, até porque a credibilidade e a resolutibilidade dos hospitais é
notável, é muito boa, e a medicina praticada no Rio Grande do Sul é de muito
bom padrão se comparada às outras unidades da Federação. Indiscutivelmente, é
fundamental que se faça esse debate, pois é imprescindível que se aumente a
aplicação, o investimento na área da saúde, especialmente no que diz respeito
às equipes do Programa de Saúde da Família. E quando, com verba do próprio
Município, houver essa aplicação, certamente estaremos nos aproximando - não
que a Administração Popular em Porto Alegre não quisesse atingir; creio que é o
desejo de todos ter uma boa saúde, mas, por qualquer outro motivo,
evidentemente, dentre eles, o financeiro, recursos humanos, recursos
administrativos -, dentro desse processo e da discussão que se faz no
Orçamento, estaria muito próxima a solução do problema da difusão de equipes do
Programa de Saúde da Família, principalmente nas áreas mais carentes, aquelas
áreas que estão excluídas do atendimento primário.
O
atendimento primário é fundamental porque mais de 90% dos problemas são
resolvidos onde a pessoa mora, no local, na comunidade. Com isso, esvaziaria o
sistema hospitalar e racionalizaria os gastos do sistema. Essa é a proposta que
faço, pois faria uma emenda no Orçamento para que se destacasse dinheiro para a
área da saúde para cumprir essa finalidade. Não tenham dúvidas de que muitos
dos problemas gravíssimos da Cidade de Porto Alegre e com os quais somos
obrigados a conviver não estariam solucionados no todo, mas extremamente minimizados,
e, principalmente, haveria uma racionalização desse tipo de trabalho. Nós
passaríamos a fazer um trabalho em que predominasse não só a prevenção, mas,
muito mais do que a prevenção, a promoção da saúde. Em vez de gastarmos em
doença, nós iríamos promover a saúde das pessoas, desenvolver, hipertrofiar,
magnificar a saúde das pessoas e, desta forma, teríamos menor incidência de
doenças em pessoas, que são mais fortes. Essa fortaleza se dá através de
hábitos alimentares, de exercícios, inclusive de modificações de hábitos
culturais, para que nós tenhamos uma população muito mais forte e com menor
necessidade de tratamento médico, de hospitalização, de uso de remédios, de
exames complementares. Isso racionaliza, traz economicidade ao sistema, mesmo
que se pague mais pela equipe de saúde na ponta.
A
tecnologia de ponta dessa equipe de saúde é a cabeça dos profissionais, nada
mais. Só com a cabeça dos profissionais e seus conhecimentos aplicados temos a
solução de mais de 90% dos problemas que deixam de fazer do hospital a entrada
do sistema para ser a saída do sistema. Tudo se inverte, de tal forma que
passamos a necessitar de recursos humanos, de generalistas em todas as áreas, e
isso fará com que a nossa universidade mude seu conceito, e a mercoescola, no
que deverão se transformar as Faculdades de Medicina, de Enfermagem, de
Assistência Social e de Psicologia, certamente, deverá orientar a formação de
seus profissionais não para especialistas. O livro do grande filósofo francês
Ortega Y Gasset, chamado "Rebelião das Massas", tem um capítulo
dedicado à barbárie da especialização. O processo de especialização é tamanho e
é tão grande, que obliterou, impediu que muitos profissionais, especialmente da
área da saúde, passassem a ser generalistas, tivessem uma visão generalizada da
Medicina, e, com isso, desapareceu o médico de família, desapareceram os
procedimentos generalizados para termos as superespecialidades, que podem até
ocorrer dentro de hospitais referenciais. Mas não pode ser o normal, a rotina,
o especialista na ponta, onde o médico de família é fundamental. Essa figura
que nós trouxemos do início desse século para cá, para essa reatualização, esse
pós-moderno da Medicina, é, indiscutivelmente, hoje, a solução desse tipo de
problema.
Quando
eu falo que é indispensável uma política de saúde, refiro-me exatamente à
necessidade, ao requisito, à demanda de medicina primária na ponta, no tecido
social, muito mais do que novos medicamentos, do que novas técnicas, que são
bem-vindas - tudo que ficar menos cruento e que diminuir o sofrimento das
pessoas é, para nós, ganho, é, para nós, vitória. Mas queremos também, em vez
de tratar as pessoas e suas doenças, fazer com que elas tenham a saúde tão
forte, que a doença não chegue, que as pessoas tenham uma defesa aumentada em
relação às doenças. Essa promoção de saúde e a prevenção com vacinação é feita
pelo médico de família. E é aqui que eu acho que temos que discutir o Orçamento
Municipal. O investimento em equipes de saúde é fundamental. Não podemos passar
apenas a sermos gerentes de um processo que não é comandado pela Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, e, diga-se de passagem, entrar com menos de 10% de
todo o sistema, onde o Ministério da Saúde, a Secretaria Estadual de Saúde
providenciaram e garantem importantes aportes de recursos administrativos,
financeiros, técnicos e humanos para que esse sistema funcione, não de uma
maneira perfeita - nós ainda temos graves problemas no funcionamento -, mas que
exista um sistema em que, pelo menos, as populações de baixa e média renda
tenham condições. É por isso que nós vamos lutar e é isso que fazemos, há mais
de um ano e dez meses, nesta tribuna, dizendo que é fundamental que mais de 50%
das pessoas de baixa renda não estão incluídas no atendimento primário da Prefeitura.
Nós
temos que constituir essas equipes, e o Orçamento tem de, de todas as maneiras,
providenciar, prover e captar fundos para que esse investimento seja feito numa
das áreas mais delicadas e nobres da Administração Municipal. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra
para discutir a Pauta Especial.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Permita-me, Sr. Presidente: antes de entrar especificamente no ponto, gostaria
de cumprimentar a todos. Estivemos em campos opostos na eleição do dia de ontem
e hoje voltamos à nossa rotina. Sem dúvida nenhuma, não poderíamos deixar de
dizer que ontem tivemos um grande momento do exercício da cidadania.
Continuando
as atividades normais desta Casa, temos a satisfação de novamente debater o
Orçamento do nosso Município. É de fundamental importância ressaltar que nós
estamos discutindo uma série de investimentos em nossa Cidade. Eu poderia
discutir especificamente, como já fiz de outra feita, uma secretaria e os seus
investimentos, como fez agora o Ver. Cláudio Sebenelo. No entanto, quero tratar
de questões gerais, porque temos uma preocupação com a globalidade dos
interesses que movem a Cidade, bem como com as suas contradições. Quando
pensamos Porto Alegre, pensamos numa Porto Alegre para todos os cidadãos, para
todos os moradores, onde não desconhecemos os seus conflitos, suas
contradições, os seus problemas, que devem ser equacionados. Por exemplo: na
Secretaria Municipal do Meio Ambiente, faremos investimentos no Centro da
Cidade, na Praça da Alfândega, como faremos na Rua Otávio Rocha. Não sozinhos,
Ver. João Dib, mas em parceria com os comerciantes daquele espaço de nossa
Cidade, porque ali detectamos um espaço deteriorado, com vários problemas, e
decidimos fazer investimentos com o orçamento de uma secretaria específica,
mas, evidentemente, isto tem inter-relação com outras secretarias, como, por
exemplo, com a Secretaria Municipal da Indústria e Comércio, já que estamos
tratando de uma rua essencialmente comercial. Ou seja: pensamos a globalidade
da Cidade, interligamos os orçamentos de várias Secretarias para objetivar a
solução de uma questão, ou de várias questões, onde os orçamentos são
interligados.
Mas
não poderíamos deixar de tocar, mais uma vez, em algumas das questões aqui
levantadas. Não temos nenhum problema em discutir a questão da saúde no
Município, a aplicação das suas verbas, mas vamos pensar que Porto Alegre é a
Capital do Rio Grande do Sul e o Rio Grande do Sul é um dos vinte e sete
Estados do nosso País. Portanto, estamos no Brasil, onde há um orçamento
federal que, infelizmente, a cada ano diminui suas aplicações na saúde. Ou
seja: no ano de 1995 houve uma aplicação de 18 bilhões e 100 milhões. Já em
1996 houve uma perda de 3 bilhões de reais em aplicação na saúde. A população
aumenta - infelizmente, por causa do desemprego os problemas com a saúde
aumentam também - e temos uma queda de 3 bilhões. Se parasse por aí... Mas não,
pois no ano seguinte, 1997, mais uma queda de 3 bilhões de reais, e isto,
parece, pelas previsões, se mantém neste ano de 1998. Perdemos, de 1995 a 1998
- portanto, com este Governo Federal, especificamente -, 6 bilhões de reais, ou
seja, um terço do que era aplicado em 1995. Isso não é de somenos importância.
Pelo contrário, como temos uma municipalização semiplena em Porto Alegre, não
podemos esquecer que nós temos um atendimento primário nos postos de saúde
amplamente aumentado, como eu demonstrei em outra oportunidade.
Eu
vou, hoje, repetir alguns números, mas eu não poderia deixar de lembrar os
números do Orçamento federal. Isso tem uma implicação direta no Orçamento de
Porto Alegre, pois os Hospitais Conceição, Fêmina e outros ainda estão sob
responsabilidade federal. Não vamos esquecer que um parto feito no corredor
ocorreu no Hospital Fêmina, sobre o qual a Prefeitura de Porto Alegre não tem
responsabilidade. A responsabilidade continua sendo do Governo Federal. Então,
é preciso que os cidadãos de Porto Alegre tenham essa compreensão. Isso não quer
dizer que eu, humildemente, não reconheça que nós ainda temos problemas na área
da saúde, que, sem dúvida nenhuma, o Município vai cuidar mais e melhor do que
já está fazendo. Mas eu gosto de lembrar - e vou lembrar - para algumas pessoas
que no projeto de Pró-Saneamento, num convênio assinado com a Caixa Econômica
Federal, nós estamos aplicando 10 milhões e 365 mil reais em algo que é
substantivamente dedicado à prevenção, da qual o Vereador que me antecedeu
tanto falou como elemento positivo de qualquer governo. Quero dizer que essa
positividade está expressa no nosso Orçamento, no Departamento de Esgotos
Pluviais do Município, todo um financiamento, junto com a Caixa, e nós pagamos
todos os outros financiamentos e este nós vamos honrar nos próximos anos. E
este é exatamente feito para o saneamento básico, elemento essencial na saúde
preventiva dos moradores da Cidade de Porto Alegre.
Portanto,
gostaríamos de registrar essa questão mais uma vez. Além disso, eu gostaria de
lembrar a todos os cidadãos desta Cidade os investimentos básicos principais
orçados para o próximo período:
Na
III Perimetral, com financiamento do BID, nós pretendemos aplicar 42 milhões de
reais; obras e equipamentos da SMOV, 30 milhões de reais; e desapropriações, 11
milhões de reais, ou seja, um gasto substantivo numa obra viária de nossa
Cidade, que desafogará muito o nosso trânsito. Portanto, na III Perimetral, são
essas as aplicações.
Na
construção e na pavimentação de vias urbanas, nós aplicaremos 14 milhões de
reais. Ou seja: mais uma vez, nós subiremos os morros, nós estaremos na
periferia da Cidade aplicando 14 milhões de reais em pavimentação, e,
basicamente, este é o valor também que o DEP aplicará na área dos esgotos
pluviais. Somando um com o outro, são aproximadamente 30 milhões de reais
colocados sob a terra para que a periferia de nossa Cidade tenha esgotos e
pavimentação.
No
alargamento da Av. Bento Gonçalves, nós aplicaremos 4 milhões de reais, e quem
já foi Prefeito desta Cidade sabe e os Vereadores sabem o quanto é importante o
alargamento da Av. Bento Gonçalves para a fluidez do nosso tráfego, do trânsito
da nossa Cidade e a ligação que esta tem com a Cidade de Viamão.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, quando nós levamos a Av. Bento Gonçalves
pavimentada até a divisa do Município, nós realmente deixamos um canteiro
central com 16m de largura para que, no futuro, pudesse a avenida ser ampliada.
É a previsão de que seria necessário.
O SR. ADELI SELL: Que bom se todos os Prefeitos pensassem o
futuro, mas, infelizmente, não foi esse o pensamento de todos os Prefeitos
desta Cidade!
A
ampliação do Hospital de Pronto Socorro, que eu citei e volto a citar: esse
convênio feito com o FONPLATA no valor de 711 mil reais, mais 260 mil da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
Nós
estamos tratando também de outros itens, como a modernização fiscal, a qual,
inclusive, a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento desta Casa debateu, e
aqui estaremos aplicando 535 mil reais para melhor atender a municipalidade,
porque nós sabemos o quanto é importante o atendimento ao cidadão, que o
cidadão contribuinte que paga ISSQN, que paga IPTU, que paga os tributos
municipais tenha um atendimento condizente como cidadão desta Cidade, e nós estamos
aplicando dinheiro da municipalidade para a modernização, porque nós
acreditamos que a agilização de processos é fundamental, porque temos certeza
de que muito nessa área ainda há de ser feito e, com esse investimento, nós
estamos dando continuidade para esse aperfeiçoamento.
Também
aplicaremos 400 mil reais no galpão de eventos aqui, no Parque da Harmonia. É
importante que nós tenhamos, quase no Centro da nossa Cidade, um parque de
eventos, um lugar maravilhoso que é visto pelo turista, que pode ser visitado e
usufruído não só pelos porto-alegrenses. Estamos fazendo agora uma campanha,
através da nossa EPATUR, em parceria com o Porto Alegre Convention Bureau e
várias entidades, um “trading” turístico - “Porto Alegre é seu destino”. E um
galpão de eventos aqui, no Parque da Harmonia, merece, como nós estamos
colocando aqui, dinheiro público, porque será de usufruto do conjunto da
Cidade, inclusive para atrair mais pessoas para cá, como vimos, recentemente,
na Semana Farroupilha, ou, melhor dizendo, no mês Farroupilha, quando o Parque
foi totalmente tomado pelas pessoas. Este parque é muito importante para a
Cidade.
Estamos
demonstrando de forma clara e cristalina o que nós estamos aplicando de verbas
para o conjunto da Cidade. Como eu dizia anteriormente, é um governo para
todos. Nós não estamos esquecendo nenhum setor da nossa sociedade, porque é
claro que os setores menos beneficiados, os setores que são jogados para fora
do processo produtivo, que são as pessoas que moram na periferia, vão receber aplicações
na política habitacional: 13 milhões de reais, mais os 14 de pavimentação, mais
os 14 de esgoto. Quarenta e poucos milhões de reais são exatamente para aqueles
setores que mais precisam, na periferia, Ver. Tereza Franco. É ali que nós
estamos aplicando o grosso das nossas verbas, porque é o setor que mais
precisa, setores humildes da nossa Cidade, mas não esquecemos dos 400 mil reais
que aplicaremos aqui do lado, que também serve a toda a Cidade. Mas, sem dúvida
nenhuma, também temos os olhos voltados a uma política de turismo que muitos
não reconhecem, mas nós estamos paulatinamente aprendendo, humildemente, como
se faz política de turismo nesta Cidade e no Estado, e nós temos certeza de que
nós faremos, de forma cabal, maiores investimentos neste item no próximo
período, aqui, na Capital, e agora, também, sem dúvida nenhuma, no Estado do
Rio Grande do Sul.
Eu
quero deixar, portanto, registradas essas questões, Sr. Presidente, porque o
debate do Orçamento é de fundamental importância para esta Câmara, para esta
Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir a Pauta Especial.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
política é boa administração, política é a realização do bem-comum. O povo
gaúcho, ontem, soberana e democraticamente, escolheu os dirigentes para
realizarem uma boa administração, visando ao bem-comum. A minha Bancada, do
Partido Progressista Brasileiro, saúda os dirigentes eleitos e formula votos de
sucesso, porque o sucesso deles será o sucesso do Rio Grande. Esperamos todos,
da minha Bancada, que aquelas promessas de campanha, de assentamento de
milhares de famílias, de habitações, de atendimento aos servidores públicos,
sejam realidade.
Mas,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós estamos aqui para falar de Orçamento. O
meu velho mestre, Prof.. Antenor Linck Brunck, que viria a ser Secretário da
Fazenda deste Município, me ensinava, no último ano da Escola de Engenharia,
que o Orçamento Público deve ser equilibrado honestamente. Em caso de não poder
ser equilibrado, ele não pode ser superavitário, porque superávit representa a
má administração, a não-realização do bem-comum, excesso de cobrança ou fúria
fiscal. Então, não podendo ser superavitário, o Orçamento deverá ser
deficitário. Mas a Prefeitura Municipal de Porto Alegre traz para análise desta
Casa o seu Orçamento com R$ 891.633.000,00. Para receitas próprias são R$
398.000.000, 00 e as transferências de receitas - ICM, Fundo de Participação
dos Municípios, IPVA - representam R$ 492.000.000, 00.
O
Orçamento, como todos nós sabemos, fixa as despesas e orça as receitas. A
Prefeitura de Porto Alegre, invariavelmente, nega-se a incluir, como receita
corrente, os recursos transferidos pela União para o SUS - 260 milhões de reais. O Tribunal de Contas já
disse, com todas as letras, que as receitas e despesas do SUS são receitas
correntes e despesas correntes, mas a Prefeitura prefere manipular os dados,
não fazer um Orçamento que represente a realidade.
A
receita estimada do ano de 1999 cresce 7,9%; as receitas correntes, 5,3%; as
tributárias, 6,5%; a patrimonial, 6,7%. Mas o que me preocupa são as receitas
de capital. As receitas de capital representam um subterfúgio - por isso, eu
referi que o meu professor dizia que o Orçamento tem que ser honesto - usado
pela Administração para equilibrar o Orçamento, um subterfúgio que deveria
deixar de ser usado, porque o Orçamento é uma peça séria. No ano de 1997, as
receitas de capital estavam orçadas em R$ 63.500.000,00. Realizaram R$
7.200.000,00. Em 1998, orçadas em R$ 56.800.000,00, até agosto realizaram
apenas R$ 3.500.000,00. Este ano as receitas de capital cresceram bastante:
passam para cerca de R$ 81.000.000,00. Por quê? Não sei, mas houve um
crescimento de 9,1%. Essa prática faz com que a Prefeitura, usando a receita de
capital, na ordem de 105 milhões de reais para 1999, quando da execução
orçamentária, manipule, permitindo que algumas coisas estranhas venham a
ocorrer.
Alertava
que a Prefeitura não tem uma política para os municipários. Traz despesas de
custeio de pessoal de 232 milhões de reais, o que representa 26% das receitas
correntes. Mas, em serviços de terceiros, a Prefeitura coloca 321 milhões de
reais, o que representa 36%. Aí está a parte que gostaria que a Prefeitura
explicasse convenientemente para os Vereadores.
Fiz
um Pedido de Informações que, até agora, não foi respondido. Quero saber como
se compõem os 32 milhões de reais gastos, mensalmente, com os municipários.
Aqui o Secretário da Fazenda e os homens do Planejamento dizem que gastam 19,5
milhões mensalmente. E o Secretário da Fazenda diz que gastam 32 milhões. Sei
que nos 232 milhões não estão incluídas as transferências para DMLU, DEMHAB,
etc, mas gostaria que explicassem claramente.
Esta
preocupação da Prefeitura com a manipulação dos números do Orçamento nos leva a
alguns dados interessantes: para o próximo ano, 15% da receita total se
apresenta como investimento, mas já mostrei que algumas coisas não correspondem
à realidade.
O
Orçamento Participativo, tão falado aqui nesta tribuna, me leva a algumas
considerações. Aprendi com o Ver. Adeli Sell que Vereador, antes de tudo, é um
fiscal. Foi dito na sexta-feira, quando não me queriam deixar falar; deixaram
no final. Até agosto haviam sido empenhados da proposta orçamentária do
Orçamento Participativo 27% e pagos apenas 8,5%, o que vale dizer que estão
repetindo o que aconteceu em 1997, quando o Dr. Ubiratan declarava, com todas
as letras, que não poderia deixar de registrar que 52% das obras previstas no
Orçamento Participativo de 1996 para 1997 não haviam sido iniciadas. Este ano
parece que a coisa está pior do que no ano passado. Apenas 27% em agosto. E, se
nós calcularmos os investimentos de acordo com o Orçamento legalmente
apresentado, teremos 11,5%. Mas preocupa-me, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a
situação dos municipários. Eu fico preocupado com os servidores municipais,
que, não tendo uma política séria... Porque essa da bimestralidade é
brincadeira. Não é da atual administração, é anterior a ela. E a bimestralidade
só não foi retirada porque teria que passar na Câmara, mas a ameaça para a
retirada da bimestralidade foi feita reiteradas vezes pelo Secretário de
Administração ao SIMPA e ao SINDICÂMARA.
Mas,
Sr. Presidente, preciso ainda esclarecer que, para tristeza nossa, vai
acontecer de novo, como acontece todos os anos, e é por isso que acho que as
receitas de capitais entram da forma como entram no Orçamento: manipulando
dados para, depois, o Tribunal de Contas alertar todas as vezes. Os valores dos
créditos suplementares abertos, autorizados pelo próprio Orçamento até 5%, são
sempre superiores aos excessos de arrecadação previstos. No ano passado, foi de
59 milhões; este ano ainda não tenho os dados, mas eu imagino que vai acontecer
a mesma coisa.
Mas,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou encerrar fazendo uma pergunta ao
Presidente da Casa. É uma pergunta regimental: o Vereador é obrigado a
comparecer ao Plenário corretamente trajado; o servidor pode vir fantasiado ao
Plenário? Saúde e paz.
(Não
revisto pelo orador. )
O SR. PRESIDENTE: Solicito que todas as manifestações -
que nós respeitamos, e só poderia ser assim, porque esse é um processo
democrático - e que todas as demonstrações de afeto ao candidato eleito sejam
feitas extra-Plenário, a não ser pelos Vereadores, que farão suas manifestações
através da tribuna, mas que os senhores funcionários respeitem o Plenário. É
claro que isso não inclui as dependências da Câmara Municipal, onde os senhores
funcionários têm absoluta liberdade para manifestar as suas preferências.
O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, peço
que não entendam a minha manifestação objetivamente sobre o assunto de Pauta
como um desvinculamento do processo geral que ocorreu no País e especialmente
no Estado, eis que sobre esse tema, em ocasião oportuna, irei manifestar-me
ainda no dia de hoje.
Agora,
objetivamente, eu me manifesto sobre o assunto
constante da Pauta Especial, que é o Orçamento do Departamento Municipal de
Habitação para o próximo ano administrativo, isto é, para o ano de 1999. Esse
Orçamento, encaminhado, Sr. Presidente, com os demais, coloca-me em situação de
verdadeiro percalço, quando não estarrecido por algumas situações que fico a
conjeturar e que quero distribuir com a Casa, especialmente quando aqui vejo o
meu querido amigo Ver. Mário Fraga, que sempre foi e é um homem ocupado com
essas coisas que dizem respeito à habitação popular de Porto Alegre, à
organização fundiária, à ocupação dos espaços físicos da Cidade, especialmente
pelas famílias mais carentes.
Estou
aqui, Sr. Presidente, com o Orçamento do Departamento Municipal de Habitação
previsto para o próximo ano no valor de 34 milhões, 70 mil e 615 reais, este
Orçamento que prevê despesa de custeio da ordem de 10 milhões, 426 mil,
representando 30.87% do total, transferências correntes da ordem de 7 milhões,
451 mil reais - ou seja, 22.08% -, prevê investimentos na ordem de 14 milhões, 93
mil, 134 reais, isto é, 40.84% do total do Orçamento.
Essas
despesas com investimento são indicadas, Ver. Mário Fraga, no plano de
aplicação do Fundo Municipal de Desenvolvimento. Aí, Sr. Presidente, começo a
ter essa sensação pouco confortável de constatar situações que me parecem
absolutamente carentes de uma explicação mais consistente. Começa, Sr.
Presidente, que, dos 14 milhões, Ver. Luiz Braz, e 93 mil, Ver. Jocelin,
Azambuja, que o Município prevê que irá investir através do seu órgão de
habitação de interesse social - o DEMHAB -, nada mais nada menos que 11 milhões
e 955 mil, isto é, 12 milhões, que se destinam ao Programa Pró-Moradia. E, aí,
eu fico estarrecido, Ver. Jocelin Azambuja, porque há o Programa
Pró-Moradia/96, e fico merecedor de uma explicação.
Em 1999 nós vamos executar o Programa de
1996. É o que me parece da leitura dessa Lei Orçamentária, que é fria, que traz
só números, mas que, numa primeira explicação que apresenta, anexa, na primeira
folha de justificativa, isto: Os Programas: Programa 1 - Intervenções
Habitacionais; Programa 2 - Programa Pró-Moradia/96; Programa 3 - Arroio
Dilúvio FONPLATA. Quando eu vejo o Programa 3, fico lembrando que esse
financiamento do FONPLATA foi, Ver. Mário Fraga, por nós aprovado, por emenda
minha e sua, no ano de 1995. Saiu daqui em novembro de 1995 e agora faz parte
do Plano de Aplicações Financeiras de Investimentos em Vilas Populares para o
ano de 1999. Eu fico carente dessa explicação, porque a leitura, pura e
simples, e a mais primária das interpretações me levam a crer que nós estejamos
com uma defasagem muito forte, grande, profunda, sensível, perceptível na
própria vivência do cotidiano de Porto Alegre, porque não se vê grandes
aplicações, grandes obras, grandes trabalhos por parte do Departamento
Municipal de Habitação, e que agora estão aqui retratadas, no ano de 1999, num
total de 14 milhões, e 12 milhões serão aplicados para a realização de um
programa, o Programa Pró-Moradia/96, e os 2 milhões restantes, um deles, ou
seja, 548 mil, que são 25% dos 2 milhões restantes, são para o projeto
FONPLATA, previsto desde 1996 com recursos autorizados por esta Casa desde
1996. E o restante resume-se a pequenas rubricas, entre as quais as
intervenções habitacionais propriamente ditas, que consomem 1 milhão e 250 mil
reais. V. Exa., que vai me honrar com um aparte, certamente vai-me esclarecer
com a objetividade que lhe caracteriza.
O Sr. Renato Guimarães: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vou-lhe trazer uma informação que foi passada ao meu Gabinete.
Quando eu estava acompanhando a remoção da Vila Dilúvio ali, no Arroio
Ipiranga, tomei conhecimento, em detalhes, do financiamento do FONPLATA que a
Casa autorizou, no ano de 1995, a Prefeitura a utilizar. No ano passado, foi
assinado e os recursos do fundo foram liberados neste ano, e estão em execução
algumas obras relacionadas à área de saneamento e à área de remoção de moradias
e, também, relativo ao financiamento, à questão do Pronto Socorro. Parte dos
recursos está sendo executada neste exercício de 1998, e a outra parte, onde
estão previstas as obras do Pronto Socorro e também as obras de saneamento que
serão executadas no ano de 1999. É um projeto que se executa nos anos de 1998 e
1999, informação que trago ao Vereador e a esta Casa, porque a busquei para
acompanhar esse processo.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço a V. Exa. pelo aparte, que
obviamente oferece esclarecimentos que guardam um certo tempo, o que não
elimina as minhas preocupações. Mesmo com o esclarecimento do ilustre Ver.
Renato Guimarães, estamos vivendo essa situação. As coisas que são decididas
nesta Casa num ano, envolvidas na burocracia municipal, levam quatro anos para
se realizar. Isso tudo, Ver. Renato, leva-me a conjeturar sobre situações que
hoje, por exemplo, são vividas na Restinga. Na Restinga abrem-se inscrições
para a chamada 5ª Unidade Habitacional da Restinga. E leio o Orçamento do
Município para o ano de 1999 e não encontro, Ver. Mário Fraga - V. Exa. que é
altamente vinculado àquele núcleo habitacional de Porto Alegre, líder que é de
ponderável parcela daquela população que, nas urnas, sempre confirma o apreço
que tem ao seu trabalho -, aqui eu não vejo um centavo sequer para isso. Ver.
Mário Fraga, seus amigos do Roma, daquelas equipes de futebol a que V. Exa. se
vincula tanto, se eu lhe perguntar onde são as inscrições para a 5ª Unidade da
Restinga, V. Exa., baseado nesse Orçamento, pode oferecer uma resposta? Não
existe projeto de 5ª Unidade Habitacional na Restinga, não existe recurso
disponível para essa finalidade. O anúncio feito reiteradamente, ao longo deste
ano, de que estariam para construir a 5ª Unidade Habitacional da Restinga...
Não existe previsão orçamentária para o ano de 1999 - pelo menos é o que está
escrito no programa anunciado pelo Departamento Municipal de Habitação e
constante da sua Lei de Meios.
Fundado
nessas informações e para ver melhor explicitadas essas situações, vou buscar,
através do expediente adequado, que é um Pedido de Informações, uma série de
esclarecimentos para a situação real, por parte do Departamento Municipal de
Habitação.
Ver.
Luiz Braz, V. Exa., que é um excelente Presidente deste Legislativo, sabe muito
bem que, ao longo do exercício financeiro de 1997, esta Casa Legislativa, por
instrumentos legais diferenciados, viabilizou ao Departamento Municipal de
Habitação nada mais, nada menos do que 22 milhões de reais para a aplicação em
programas habitacionais e, não obstante isso, nós não temos informação, nem
constatação - e nós não paramos, andamos por esta Cidade - de que algum projeto
de maior consistência, por ser executado, foi capaz de absorver esse recurso
por nós votado. E, se esse recurso que votamos não foi aproveitado
adequadamente, certamente ele deveria estar constando aqui para alguma
aplicação objetiva, porque ninguém crê que o órgão que cuida da habitação
popular esteja guardando dinheiro, de forma irresponsável, até, quando se
agrava, se aprofunda o problema do déficit habitacional na Cidade de Porto
Alegre.
Assim, eu tenho toda a razão de declarar, como efetivamente declarei no início desta minha manifestação, inclusive, que estou perplexo diante do quadro que se apresenta nessa área. Esperei passar a fase eleitoral para fazer este pronunciamento para que ele não fosse entendido como um mero discurso de crítica pré-eleitoral. A sensibilidade aguçada em que se encontrava a Cidade e o Estado na semana passada fez com que eu tivesse essa cautela, porque sabia que disporia, no dia de hoje, da possibilidade de falar. Inclusive madruguei hoje nesta Casa para poder, Ver. João Dib, colocar de forma clara e precisa o que deixou de ser uma preocupação, passando a ser uma ocupação minha. Tenho de me ocupar disso, porque não entendo onde estão os recursos que aprovamos, não entendo por que em 1999 o DEMHAB vai desenvolver um programa que deveria ter desenvolvido em 1996, qual é a razão de estar ocorrendo esse fato, e simplesmente buscar receber de quem de direito algum esclarecimento capaz de permitir que eu leve à população de Porto Alegre que, a todo o momento, me pergunta quando estará pronta a 5ª Unidade da Restinga, quando é que serão colocadas as habitações, conforme foi anunciado em determinada época. Anunciam e nada acontece.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Essa é uma tônica nos
investimentos da Prefeitura. V. Exa. pode ver que, nos investimentos previstos
do Orçamento Participativo, até o dia 30 de agosto apenas 27% haviam sido
empenhados e apenas 8% já estavam concluídos, porque foram pagos. Realmente a
publicidade é maior do que a realização de obras.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço a V. Exa. Estou concluindo este
meu primeiro contato formal com o assunto da Lei Orçamentária do DEMHAB.
Inclusive vou falar também, nas outras Sessões subseqüentes, sobre as outras
unidades da Administração Municipal. Portanto, alerto à Câmara quanto a essas
incongruências a que me referi em meu pronunciamento e que serão confirmadas
através de um Pedido de Informações que irei protocolar no dia de amanhã, onde
constam essas dúvidas e equívocos que estou considerando neste momento. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila solicita Licença
para Tratar de Interesses Particulares no período de 26 a 29 de outubro e o
Ver. Pedro Ruas para o dia de hoje.
(Obs.:
Foram aprovados Requerimentos de licença dos Vereadores Nereu D’Ávila e Pedro
Ruas, e dada posse aos Suplentes conforme consta na Ata.)
Encerrada
a discussão da Pauta Especial, passamos à
1ª SESSÃO
PROC.
2056/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 096/98, de autoria do Ver. Gerson Almeida, que
denomina Praça Arquiteta Berenice Guerreiro Baptista um logradouro público
localizado no Bairro Três Figueiras.
PROC.
2980/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 149/98, de autoria do Ver. Antônio Losada, que
denomina Rua Floriana da Rosa um logradouro irregular localizado no Bairro
Cristal.
PROC.
3024/98 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 045/98, de autoria da Mesa Diretora, que altera o Regimento da
Câmara Municipal de Porto Alegre.
PROC.
2874/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 146/98, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia,
que denomina Rua Bispo Isac Aço um logradouro irregular localizado no Bairro
Rubem Berta.
2ª SESSÃO
PROC.
2826/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 144/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
denomina Rua Dreifus José Bernardes um logradouro irregular localizado no
Bairro Hípica.
PROC.
2827/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 145/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
denomina Rua Pedro Aniceto de Souza um logradouro irregular localizado no
Bairro Hípica.
PROC.
2902/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 147/98, de autoria do Ver. Décio Schauren, que
denomina Rua Saint’Hilaire um logradouro irregular localizado no Bairro Lomba
do Pinheiro.
3ª SESSÃO
PROC. 2893/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 006/98, que revoga o § 3º do art. 126 da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985. (cômputo de tempo de serviço público para concessão de adicionais)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, os
vários projetos que constam na Pauta - na sua quase totalidade destinados a
promover homenagens a pessoas do convívio social da Cidade que, desaparecidas,
são homenageadas por inúmeros Vereadores que agora pretendem ver seus nomes
identificando vias públicas na Cidade de Porto Alegre - evidenciam uma situação
muito especial que estamos registrando na Casa.
Se
os Vereadores tiverem a oportunidade de ver o alentado número de projetos que
se encontram na Ordem do Dia, vão verificar que estamos com uma defasagem muito
forte na análise e definição sobre vários projetos que estão sendo discutidos
nesse Legislativo. É por essa razão que entendo que é importante que se
examinem, que se comentem estes Projetos que estão em Pauta, mas mais
importante ainda é que se decida sobre estas matérias que estão constando na
Ordem do Dia.
Eu
vou limitar o meu pronunciamento a estas considerações, resguardando-me o
direito de voltar oportunamente a discutir os assuntos constantes na Pauta
normal, que está sendo discutida, para ver se hoje é possível que a Casa
deslanche e examine pelo menos alguns dos Projetos de Lei que se encontram na
Ordem do Dia. Esta é a contribuição, Ver. Juarez Pinheiro, V. Exa. que
ocasionalmente se encontra dirigindo os trabalhos: que nós possamos ter um bom
resultado, um resultado positivo na tarde de hoje. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo Vereador inscrito em Pauta é o
Ver. João Dib. Desiste. Ver. José Valdir. Ausente. Ver. Gerson Almeida.
Desiste. Ver. Carlos Alberto Garcia. Ausente. Ver. Renato Guimarães. Desiste.
Não
havendo mais Vereadores inscritos em Pauta, eu convido o Sr. 3º Secretário para
que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a Ordem do Dia.
(O
Sr. 3º Secretário procede à verificação de quórum.)
Havendo
quórum, passamos à
Quero
cumprimentar todos os Vereadores deste Plenário que, de uma maneira muito
digna, participaram dessas eleições. Este Plenário não sofreu solução de
continuidade, muito embora as eleições tenham passado por esta Câmara
Municipal. Tínhamos quase que a maioria dos Vereadores participando das
eleições, todos defendendo as suas
agremiações, defendendo os seus espaços, mas, também, cumprindo os seus deveres
aqui em nossa Câmara Municipal. Tudo isso, acredito, ajuda a dignificar o nosso
Legislativo Municipal. Tenho, realmente, que fazer esta constatação e dar este
cumprimento aos Srs. Vereadores, que não permitiram que a Câmara Municipal
sofresse uma paralisação nos seus trabalhos, mesmo estando participando de
maneira muito ativa dessas eleições.
PROC.
1798/98 – VETO PARCIAL AO PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 017/98, que dispõe sobre as Diretrizes
Orçamentárias para 1999 e dá outras providências.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. João Motta: pela manutenção do Veto Parcial;
-
da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela manutenção do Veto Parcial.
Observações:
- para aprovação, maioria
absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA - Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos
termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA;
- discutiram a matéria os
Vereadores: L. Braz, J. Dib e P. A. Leal.
Na
apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM
- aprova o Projeto,
rejeita o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.
O SR. PRESIDENTE: Passamos à votação do Requerimento de
autoria do Ver. Luiz Braz, que solicita destaque às seguintes partes do Veto
Parcial ao Projeto de Lei do Executivo nº 017/98:
1º)
Inciso VI do art. 16. (Isonomia entre os servidores.)
2º)
Parágrafo único do art. 11. (Gastos com saúde.)
3º)
Art. 1º, inc. XVI. (Prazo para remessa do Plano de Investimentos.)
4º)
Art. 14. (Cartas-contrato.)
5º)
Item do Anexo II (Educação - Implantação do Fundo Municipal do Crédito
Educativo - FUNCRED, criado pela Lei nº
7.994/97.)
São
os destaques. Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em
discussão o PLE nº 017/98. Não há inscritos para a discussão. Encerrada a
discussão.
Em
votação. A matéria vai ser votada de acordo com o Requerimento aprovado por
este Plenário, item por item.
Inciso
VI do art. 16 - Isonomia entre os servidores. Lembro que, para a aprovação, é
necessária a maioria absoluta de votos favoráveis dos membros da Câmara
Municipal, de acordo com o art. 77, parágrafo 4º, da Lei Orgânica. Votação
nominal, nos termos do art. 174, II, do Regimento da Câmara Municipal.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Nobre Vereador-Presidente, esse destaque
corresponde a emenda de qual Vereador no Projeto original? Faço esta indagação
a V. Exa. porque, praticamente, na Redação Final ficou tudo incluído no texto
legal.
O SR. PRESIDENTE: A emenda é de autoria do Ver. João Dib.
O SR. ISAAC AINHORN: Quantos destaques?
O SR. PRESIDENTE: Cinco destaques.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, eu solicito que, se
fosse possível, com o auxílio da Diretoria Legislativa, seja informada a emenda
correspondente no momento da votação. Sou grato a V. Exa.
O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu paguei tributo por
estar à margem do Plenário no exato momento em que V. Exa. encerrou a discussão
sem ter dela participado. Evidentemente, colocando V. Exa. em votação a matéria
por destaques, o encaminhamento se dará também por destaque?
O SR. PRESIDENTE: Todos os destaques podem ser
encaminhados.
O SR. REGINALDO PUJOL: Razão pela qual, Sr. Presidente, já
estou resguardando a minha inscrição para encaminhar essa votação.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. O Ver. Reginaldo Pujol está
com a palavra para encaminhar a votação, em destaque, do inc. VI do art. 16 do
PLE nº 017/98.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
iniciamos, depois de muito tempo de expectativa, a votação deste Veto do Sr.
Prefeito Municipal, distribuída agora, conforme muito bem estabeleceu o Sr.
Presidente, em cinco destaques. O primeiro diz respeito ao aspecto da isonomia
entre os servidores públicos do Município, o que explicita a Emenda nº 4,
aprovada, e que estabelece a isonomia dos vencimentos entre os servidores
municipais, conforme estabelece o art. 11, do Ato das Disposições Gerais e
Transitórias da Lei Orgânica Municipal. O Sr. Prefeito, ao vetar este
dispositivo, incluiu, entre outros tantos, essa parte da proposição.
O
que consta das razões de Veto já foi inclusive objeto de aprofundadas
discussões na Casa, especialmente porque o Veto é tão amplo e impreciso que
justifica essas situações. Um trecho da resposta oferecida ao Ofício nº 582,
encaminhado pelo Presidente Luiz Braz numa situação de absoluta demonstração de
sabedoria política da Casa, porque permitiu que o Sr. Prefeito tomasse medidas
corretivas no equívoco por ele praticado nesse Veto... Diz o Sr. Prefeito,
respondendo a um ofício do Ver. Luiz Braz, que, em face da controvérsia,
determinou ao Plenário o encaminhamento da matéria à Comissão de Constituição e
Justiça e que nesta Comissão, de forma unânime, foi entendido que descabia o
encaminhamento proposto pelo Requerimento do Ver. João Dib e que se posicionou,
também, a Comissão no sentido de que houve impropriedade técnico-legislativa,
eis que o art. 77 da Lei Orgânica não pode permitir veto a expressão, devendo
ser propiciado ao Poder Executivo a possibilidade de, querendo, retificar o
encaminhamento do Veto relativo ao art. 1º do Veto no prazo de vinte e quatro
horas. S. Exa., o Sr. Prefeito, respondendo, faz considerações, inclusive uma
que eu acho sensacional, quando diz que essa proposição sintetiza o sentido
teleológico do Veto Parcial, qual seja, evitar que o texto vetado parcialmente
seja deturpado bem como possibilitar que o restante do comando legal tenha
sentido para que o mesmo seja eficaz. Achei sensacional, Sr. Presidente, mas o
que quero salientar é que as razões de Veto do Sr. Prefeito são difusas. Ele
oferece razões de caráter geral e depois ele sintetiza, especificamente, com
relação a algumas das situações. Por exemplo, o próprio exame feito pela
Comissão de Constituição e Justiça levou em conta este fato, porque o Ver. João
Motta inclusive colocou caso a caso - inc. VI do art. 16, parágrafo único do
art. 11, art. 1º, parte final da Emenda 16, art. 14 e a Emenda 17.
Parece-me,
Sr. Presidente, que agora, neste exato momento, diante da confusão desta
situação, nós estamos efetivamente olhando o problema do inc. VI do art. 16,
que é a inclusão requerida pelo Ver. João Dib, que pede a inclusão de
disposições que já contém a nossa Lei Maior nas suas Disposições Transitórias,
que são reforçadas.
Diriam
alguns que é desnecessária essa colocação, porque, se está na Lei Maior e não é
cumprida, não vai ser agora, que se coloca na Lei de Diretrizes Orçamentárias,
que vai ser cumprida. Entretanto, Sr. Presidente, eu já acompanhei o Ver. João
Dib na primeira oportunidade, votando a favor dessa Emenda, e continuo votando
a favor da sua manutenção no texto, até porque existe uma expectativa da nossa
parte de que, ao final e ao cabo, venha a ser, de uma vez por todas,
estabelecida essa isonomia de vencimentos entre servidores municipais, conforme
estabelece o art. 11 das Disposições Gerais e Transitórias da Lei Orgânica do
Município de Porto Alegre.
Digam
o que disserem, digam que isso é insistência, digam que isso aqui é
redundância, digam o que disserem nós vamos manter esse fato porque ou queremos
que se cumpra a lei do Município ou não queremos. E, se queremos, vamos cercar
por todos os lados, vamos deixar bem claro que, mesmo sendo um mandamento da
Lei Maior Municipal, isso não vem sendo feito. Vamos agora estabelecer como uma
diretriz orçamentária a ser seguida. Vamos manter, porque é correto, o
dispositivo contido no item VI do art. 16, na sua Redação Final, que veio
justificar esse Veto do Sr. Prefeito Municipal, isolado, identificado neste
dispositivo que entendemos deva ser mantido.
Era
isso, Sr. Presidente, que determinava que viéssemos à tribuna, dentro desta
barafunda que está a votação desta matéria, com cinco destaques, e que
certamente vai permitir que se perca um pouco a visão de conjunto do Veto do
Sr. Prefeito Municipal que, minado por imperfeições técnicas, deveria
comprometê-lo como um todo, como eu tive oportunidade de expressar na Comissão
de Constituição e Justiça, quando me deparei com esta matéria, votando,
inclusive, contrariamente ao parecer do ilustrado e competente Ver. João Motta.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar pelo PPB, tem a palavra o
Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há
poucos dias, ouvia na televisão o Prefeito Raul Jorge Anglada Pont dizer que eu
o xingava desta tribuna. Não é verdade, Prefeito, eu não o xingo. De vez em
quando, eu reclamo e, quando reclamo, evidentemente, sempre coloco as razões da
minha reclamação.
A
emenda vetada é de autoria deste Vereador. Eu sempre digo que lei deve ser
clara, precisa, concisa e respeitada. A Prefeitura vetou - acho que o Prefeito
foi mal assessorado - o inc. VI do art. 16, que diz: “estabelecer a isonomia de
vencimentos entre os servidores municipais conforme estabelece o art. 11 do Ato
das Disposições Gerais e Transitórias da Lei Orgânica do Município de Porto
Alegre”. Não está sendo dito que se faça imediatamente. O artigo diz que “são
considerados objetivos da Administração Municipal o desenvolvimento de
programas visando ...” E a colocação do
Prefeito, com a sua Assessoria, que não é muito boa - aí a Assessoria pode
dizer que eu a xinguei - diz: “a lei disporá sobre a isonomia de vencimentos
dos servidores da Administração Direta, sendo ambas normas programáticas não
auto-executáveis”. É o que eu estou dizendo: que o Prefeito estude o problema,
porque não eu apenas, mas a Lei Orgânica diz no art. 31: “são direitos dos
servidores do Município, além de outros previstos nesta Lei Orgânica, na
Constituição Federal, padrão referencial básico vinculativo de todos os padrões
de vencimento nunca inferior ao salário mínimo fixado pela União para os
trabalhadores urbanos e rurais.”
Quando
da edição da Lei Orgânica, esse inciso do art. 31 estava realmente valendo,
mas, depois disso, contrariando o que diz a minha bíblia petista, os Prefeitos
Olívio Dutra, Tarso Fernando e Raul Jorge fizeram algumas alterações e hoje não
há mais isonomia prevista no art. 31, inc. I. E o art. 34 da Lei Orgânica diz
que “fixada a isonomia de vencimentos, será vedado conceder aumento ou reajuste
de vencimento ou realizar reclassificações que privilegiem categorias
funcionais em preterição de outras, devendo as correções ou ajustes, sempre que
necessários em razão da execução do trabalho, serem feitos quando da revisão
geral do sistema.” E o Município de Porto Alegre, e a péssima assessoria que
têm os Prefeitos, encomendou, em São Paulo, um plano classificado de cargos. E
não entenderam o plano classificado de cargos. É claro que gastaram muito
dinheiro, e os servidores municipais estão aí defasados na sua isonomia,
defasados perante a Lei Orgânica, porque, quando essa Lei foi editada, aquele
que ganhava 1/10 de um técnico-científico hoje está ganhando 1/15 de um
Procurador do Município. Então, há uma defasagem, criada pelo Executivo
Municipal, que tem que ser sanada através de uma lei.
Quando
fui Prefeito, nós fizemos um Plano de Classificação de Cargos e o Estatuto do
Servidor Público Municipal. Agora, nós não contratamos ninguém em São Paulo,
até porque a Administração Municipal tinha, nos seus quadros, pessoas capazes
de levar a São Paulo um plano classificado de cargos, capazes de levar a
Brasília, mas nós não fizemos só pelos administradores que estavam na
Secretaria de Administração. Fizemos com os servidores públicos municipais e
com a Câmara Municipal, debatendo artigo por artigo, caso a caso, e fizemos um
Plano Classificado de Cargos e o Estatuto que está em vigor até hoje.
Portanto,
o que está se pedindo ao Prefeito Municipal não é que automaticamente seja
feita a isonomia, mas se estabeleçam prioridades para ela, segundo a proposição
do art. 16, para que os servidores tenham examinados os seus problemas. Volto a
dizer: quando, em outubro de 1990, esta Lei foi editada, os servidores tinham
uma isonomia salarial, que foi alterada pelo Município reiteradas vezes -
fazendários, Procuradores, técnicos-científicos e um monte de alterações feitas
-, que agora seria conveniente que se refizesse para que fosse feita justiça,
especialmente aos servidores menos aquinhoados do Município. Saúde e paz!
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para encaminhar o inc. VI do art. 16 do PLE nº 017/98.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, assomo
a esta tribuna para o debate e o encaminhamento, especialmente pelo conteúdo do
Veto em que, talvez, a Assessoria do Sr. Prefeito Municipal não tenha entendido
em que se constitui a Emenda João Dib. Essa Emenda faculta ao Prefeito tomar a
iniciativa, talvez muito mais uma iniciativa como obrigação, de justiça e
judiciosa, do Sr. Prefeito, do que propriamente uma emenda que obrigue o nosso
alcaide de Porto Alegre a fazer justiça salarial. E, quando me refiro à justiça
salarial, eu ponho em evidência as profundas discriminações que existem nos
quadros do funcionalismo público federal, estadual e municipal, especialmente
com privilégios em relação à progressão nas carreiras, muitas vezes legais,
oriundos de textos legais equívocos, como, por exemplo, a discriminação da
mulher na sociedade brasileira com os seus salários, inclusive a mesma isonomia
e a igualdade salarial da mesma função. Muitos trabalhos desenvolvidos pelo
homem são aquinhoados em menor proporção para a mulher, e isso é discriminação.
Muitas pessoas que têm preparos diferentes, na mesma função, são privilegiadas.
Muitas
vezes, a origem dos equívocos é também a origem de textos legais equívocos. Uma
das grandes oportunidades que tem o Prefeito é de estabelecer a sanidade na
política salarial, de estabelecer essa tão sonhada isonomia, especialmente para
servidores de ganho menor, que são aquinhoados, na prática, com um salário
menor. Me parece que essa é a oportunidade, não de Veto, mas da iniciativa do
Sr. Prefeito, independentemente desta Casa, de promover a isonomia. E como não
o fará, é fundamental que, através de um texto de lei, como a Lei de Diretrizes
Orçamentárias, qualquer acusação de vício
de iniciativa seja respondida com a impossibilidade, enquanto tivermos esse
título, esse perfil administrativo na Prefeitura, de correção e de reparo das
injustiças isonômicas que ocorrem com extrema freqüência e com grande
repercussão: injustiça social nos quadros tanto federal quanto estadual e, mais
ainda, municipal.
Agora
a Lei de Diretrizes Orçamentárias está sendo debatida, e esse debate pode
prever, corrigir, orientar e encaminhar uma série de injustiças decorrentes da
falta de isonomia. Por que não o fazer por meio de emenda? Por que não adotar
uma atitude saudável e competente? Por que não ter o próprio Prefeito a
iniciativa e a solidariedade a esse Veto e à correção das injustiças salariais
que ocorrem por falta de isonomia, pela discriminação, por meio da injustiça
salarial? Essa é a forma, essa é a grande contribuição da Câmara Municipal de
Porto Alegre. Este é, indiscutivelmente, o papel do Legislativo, o papel do
legislador: não só de fiscalização, mas também de oferecer nuanças tais que possa
o administrador da Cidade reparar, na íntegra, toda e qualquer injustiça
salarial para menos, porque para mais já o foi, estabelecendo a falta de
isonomia. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
encaminhar pelo PT.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, Senhoras e Senhores, eu já havia aprendido, há muito tempo, que
todo legislador deve ser cauteloso, particularmente no âmbito municipal,
observando a Constituição do Estado e a Constituição Federal para que toda a
lei feita no âmbito do Município tenha constitucionalidade - seja, portanto,
orgânica. Aprendi isso há muito tempo e, aqui nesta Casa, eu fui,
sistematicamente, alertado por vários Vereadores, entre eles o decano da Casa,
Ver. João Dib.
Eis
o que diz a Lei Orgânica da Casa, que, quando foi feita, no ano de 1989, tinha
em vigor uma Constituição Federal promulgada em 1988. No seu art. 39, parágrafo
1º, a Lei Orgânica diz: “A lei assegurará aos servidores da Administração
Direta isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou
assemelhados do mesmo Poder, ou entre servidos dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as
relativas à natureza ou ao local de trabalho.”
Acontece
que neste País a Constituição já mudou, e muitas vezes votamos contra ela. O
que diz a Constituição, hoje? “A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
componentes do sistema remunerado observará a natureza, o grau de responsabilidade
e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira, os requisitos para a
investidura, as peculiaridades dos cargos.” Ou seja: houve uma mudança na
Constituição Federal, e faço questão de ler o que diz o jornal da ABRASCAM
sobre a questão do fim da isonomia. É bom saber que não foi o meu partido que
votou, não foi o PDT que votou. Foi o Presidente da República que assim quis, e
o Congresso Nacional, subserviente, os vários partidos que compõem a base
governamental de Fernando Henrique Cardoso, que votaram o fim da isonomia
contra o nosso voto.
Qual
o comentário que faz o jornal da ABRASCAM? Pela Emenda, foi suprimida a
isonomia de vencimentos. “Pelo contexto da Emenda, o que se vê é que realmente
o legislador quis estabelecer a possibilidade de se dar tratamento diferenciado
aos diversos órgãos da Administração Pública e aos seus servidores, dependendo
das peculiaridades e da natureza de cada órgão, cargo ou função. Cada Poder
poderá estabelecer, inclusive, reajustes diferenciados nos órgãos integrantes
do próprio Poder, não cabendo a alegação de direito em função de benefício
concedido a servidor de outro órgão. O fim da isonomia, a pretexto da tese
neoliberalizante de modernização da Administração, é um retrocesso que,
certamente, vai trazer muito mais injustiça aos servidores do que benefícios à
Administração Pública. Os iguais não serão mais iguais, porque a lei
encarregar-se-á de tratá-los desigualmente, embora iguais. Esse é o princípio
da legalidade do Estado liberal, tão em voga atualmente. Nos meios
administrativos, no entanto, o princípio da isonomia entre os servidores em
situação equivalente fica mantido por ser inerente aos direitos e garantias
individuais.”
Argumentarão
o Ver. João Dib e o Ver. Cláudio Sebenelo, que me antecederam: “Afinal de
contas, o Ver. Adeli Sell é de esquerda, do Partido dos Trabalhadores; votou
contra essa tese; portanto, vai votar a Emenda da LDO.” Não! É muito simples:
nós vamos combater essas desigualdades, como sempre combatemos. No entanto, os
Vereadores aqui sabem que isso não cabe na Lei de Diretrizes Orçamentárias e é
necessária uma lei específica. Está na Lei, é legal e regimental. Portanto, a
Emenda não é legal, não é regimental e nós cumprimos a Lei, apesar de muitos
dizerem - e disseram na campanha eleitoral - que nós não cumpriremos a
Constituição. Nós vamos cumpri-la, mas vamos combater as desigualdades, como
tem sido a característica da brava e aguerrida Bancada do Partido dos
Trabalhadores nesta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal o texto da Emenda nº
04, de autoria do Ver. João Dib, sobre a Lei das Diretrizes Orçamentárias, PLE
nº 017/98. O Voto “sim” faz com que o Veto seja rejeitado, aprovando o Projeto;
o voto “não” rejeita o Projeto, aceitando o Veto.
Em
votação. (Após a chamada.) REJEITADO
por 14 votos SIM e 14 votos NÃO. Portanto, aceito o Veto ao inc. VI
do art. 16 do PLE nº 017/98.
Lembramos
aos Srs. vereadores que para derrubar o Veto são necessários dezessete votos, a
maioria absoluta.
O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o destaque que se refere ao parágrafo único do art. 11 do PLE nº 017/98. Refere-se à Emenda nº 07, de autoria do Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
Prefeito Raul Pont, na presença da Vera. Maria do Rosário, disse que eu o
xingava desta tribuna. Não é verdade, eu não faço isso. Eu chamo-lhe a atenção
para algumas coisas: chamo a atenção para a péssima assessoria que tem e, neste
momento, eu chamo a atenção para todos os Vereadores e não xingo nenhum. Todos
nós, no dia 1º de janeiro de 1997, juramos defender a Lei Orgânica e cumpri-la.
E o que faz agora o Prefeito e sua bela assessoria? Veta a Lei Orgânica, até
porque, se quiser vetá-la, se entender que ela não está correta, existe uma
ação que se chama Ação Direta de Inconstitucionalidade. E o que fiz quando
propus esse parágrafo único ao art. 11? Transcrevi “ipsis litteris” o parágrafo
2º do art. 164 da Lei Orgânica e fiz, depois, com que a Comissão de Justiça aprovasse,
por unanimidade, com votos do PT.
Chamo
a atenção do querido Ver. Elói Guimarães, Presidente da Comissão de Justiça.
Entendeu-se que os 13% da saúde eram do global do Orçamento da Prefeitura, o
que, aliás, está escrito: “o montante das despesas com saúde não será inferior
a 13% das despesas globais do Município, excluídas do cálculo as transferências
da União e do Estado referentes ao Sistema Único de Saúde.” E o Prefeito, na
sua exposição, diz: “As despesas globais citadas no parágrafo que ora veto referem-se
ao somatório das dotações de todos os órgãos da Administração Direta, incluídas
as três autarquias.” Exatamente o que está escrito na Lei Orgânica. Não estou
pedindo nada a mais do que está escrito na Lei Orgânica. E é um caso
extraordinário. O Prefeito veta um parágrafo da Lei Orgânica e eu acho que
nenhum Vereador que jurou cumprir a Lei Orgânica vai atender o Veto do
Prefeito. Apenas uma observação que vou fazer para a saúde do Município. Saúde
e paz!
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para encaminhar o parágrafo único do art. 11 do PLE nº 017/98.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, volto
à tribuna para comentar a importância da Emenda do Vereador, no parágrafo único
do art. 11, porque é fundamental que se entenda que deva ser incluído, e isso
já foi motivo de um imenso debate no ano passado e, mais uma vez, suportamos o
Veto dos 13% da arrecadação da Prefeitura Municipal que devem ser aplicados em
saúde, segundo a Lei Orgânica, porém aqui reside um Veto em que dizem não
existir no Município lei que autorize a constituição de um caixa único da
Administração Direta das três Autarquias e da Fundação, caixa esse que se faria
necessário para atendimento do parágrafo ora vetado.
Mas
existe um parecer do Tribunal de Contas do Estado dizendo que os 260 milhões
provenientes do SUS fazem parte desse caixa único que, mesmo sendo unificado,
fazem parte das receitas correntes costumeiras normais e pontuais na Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, motivo pelo qual não há por que o Veto ao art. 11,
em seu parágrafo único, em que fica excluído esse montante, prejudicando,
inclusive, a quantidade de investimentos, de recursos, de verbas para a saúde
que viriam muito bem - conforme minha intervenção no início desta Sessão, em
Pauta Especial - preencher essa imensa lacuna no atendimento primário à
população de Porto Alegre.
Mais
uma vez, parece-me fundamental o debate acerca desse Veto que faz com que
diminua o total, excluindo os recebimentos do SUS e, conseqüentemente,
incidindo os 13% apenas sobre os recursos arrecadados pela Prefeitura
Municipal, excluindo 260 milhões, metade do Orçamento da Prefeitura desse
cálculo, prejudicando diretamente os 13% sobre mais de 800 milhões de reais, que
é o somatório total do Orçamento da Prefeitura, fazendo um cálculo sobre 500 e
poucos milhões, desfalcando a saúde dessa importância, prejudicando, inclusive,
na nossa opinião, a formação de um atendimento primário, que é fundamental,
indispensável, imprescindível, e há uma grande luta deste Plenário para que a
Prefeitura Municipal, aplicando uma verba maior, o faça especialmente no campo
da medicina primária do primeiro atendimento.
Essa idéia é fundamental. É importante que se debata esse tipo de diretriz orçamentária, mas, principalmente, que se tenha consciência de que não podemos mais abrir mão dos verdadeiros 13% que devem ser aplicados na saúde, e não uma sutil troca de colunas em que passamos o recebimento do Sistema Único de Saúde ao extracaixa, pondo como verba colateral, pondo de lado, ou seja, escamoteando os 13% desses 220 milhões para a sua destinação na área da saúde. E lutaremos até chegar aos limites legais e orçamentários que possam beneficiar uma área já tão delicada e tão pouco aquinhoada nos orçamentos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para encaminhar o parágrafo único do art. 11 do PLE nº 017/98.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Veto
ao parágrafo único do art. 11 da Lei de Diretrizes Orçamentárias não resiste ao
menor exame, sendo uma quebra de braço que o Executivo Municipal sustenta
contra esta Casa, contra a Cidade, inclusive contra o próprio Tribunal de
Contas do Estado, que claramente declarou que receita global do Município
inclui as Autarquias. Querer o contrário é argumentar em cima de um sofisma, o
que verifico aqui nas razões do Veto, que fala que os recursos do DMLU, os
recursos do DMAE resultam de cobrança de serviços específicos e que, por essa
razão, não pode ser incluída num total que há de ser apenas o fixador de um
percentual que se quer ver aplicado com saúde pública. Aliás, todo o discurso
realizado agora, no período eleitoral, pelo ilustre candidato vitorioso é neste
sentido, de dizer: “Nós, na Prefeitura, colocamos 13% da receita na saúde; o
Estado não faz isso. É uma barbaridade, temos que mudar.” Mas aqui não coloca.
Não coloca porque querer falar de receita municipal excluindo os valores que
ingressam nos cofres municipais através da cobrança da taxa d’água, da taxa
específica de limpeza urbana, é reduzir este Orçamento consideravelmente e é
formar uma base fictícia sobre a qual se aplica este montante de 13%, reduzindo
- me falava há poucos dias o Ver. João Dib - algo em torno de 60 ou 70 milhões
de reais/ano o montante que deveria ser aplicado na saúde. Mais do que isso:
mais 20 milhões que tinham que ser aplicados na saúde.
Então,
Sr. Presidente, o que se discute aqui é se nós, Vereadores, devemos, de acordo
com a Lei Orgânica do Município - está escrito que o falecido Dep. Ulysses
Guimarães, falando sobre a Constituição que ele ajudou elaborar, com a qual nós
entendemos que precisa ter grandes revisões e reformas -, dizer o seguinte:
nesta Constituição, nós temos o direito de discuti-la, de criticá-la, de
emendá-la, de modificá-la, mas nunca de não cumpri-la. É o caso da Lei Orgânica
do Município. Pode até que o Sr. Prefeito entenda que ela está mal redigida,
mal escrita, mas está escrita assim e, enquanto estiver escrita assim, tem que
ser cumprida assim. Como diz o Ver. João Dib, as leis têm que ser claras,
concisas e respeitadas, de clareza meridiana, de concisão absoluta. É flagrante
o desrespeito que tem ocorrido. Lá está o Ver. João Dib, por mais uma emenda na
Lei de Diretrizes Orçamentárias, querendo aumentar o cerco ao Executivo
Municipal, que é, neste particular, reincidente específico no descumprimento da
Lei Orgânica do Município. Mais um caso. Lamento, Sr. Presidente, que
circunstâncias possam determinar que uma falsa solidariedade de bloco ao
Executivo leve à derrocada dessa Emenda, mas quero acentuar que isso invalida,
na prática, todo um discurso que por aí se diz. A famosa prioridade da saúde no
Município é apenas um discurso que não resiste à menor análise, tanto que se
sonega que 20 milhões de reais para aplicação em um área sabidamente carente,
para o qual estava e está o Município devidamente autorizado pela sua Lei Maior
a assim proceder... e, se alguma dúvida tivesse, já teria desaparecido quando o
Tribunal de Contas do Estado foi consultado, interpretando exatamente da mesma
forma que esta Casa tem feito.
Então,
impõe-se, Sr. Presidente, que mantenhamos esse dispositivo na Lei de Diretrizes
Orçamentárias, e para isso não podemos acolher esse Veto. Para manter essa
disposição coerente com a Lei Maior do Município, temos que rejeitar o
Veto. Tenho a esperança de que a
consciência de todos, aliada à justeza e correção do que foi proposto em emenda
pelo Ver. João Dib, venha a propiciar, dentro de poucos instantes, quando, em
conjunto, dissermos que aceitamos o Projeto, que o mantemos e que rejeitamos o
Veto, porque é ilegal, inconstitucional e contrário ao interesse público. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para encaminhar o parágrafo único do art. 11 do PLE nº 017/98.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
gostaria de fazer um registro. Quando fizemos o debate inicial ao chegar o
Veto, o fizemos de forma muito superficial. A partir desse registro podemos
visualizar que tipo de relação o Executivo tem com esta Casa.
Na
discussão da LDO foram encaminhadas cinqüenta e oito emendas e, destas, foram
aprovadas cinqüenta e três. A Casa aprovou 91% das emendas da LDO e, do
conjunto dessas emendas, apenas cinco foram vetadas. Do conjunto dessas
sessenta emendas aprovadas, o Executivo vetou apenas cinco emendas. Assumiu a
grande maioria das emendas propostas pelos Vereadores desta Casa. Estamos já no
segundo ano estabelecendo um debate sobre a questão dos 13% da saúde, que não é
o mais correto. O Ver. Pedro Américo Leal me escuta com atenção e sabe disso.
Digo isso porque, com certeza absoluta, todos sabemos que a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre gasta mais do que 13% em saúde. A média dos últimos
dez anos, somando todos os orçamentos, dá 14%. Isso se pegarmos só o recurso da
Centralizada, Administração Direta, através da Secretaria Municipal de Saúde.
Teríamos uma média de 14%.
Tenho
absoluta certeza de que o Ver. João Dib, Ver. Pedro Américo Leal, Ver. Sebenelo
têm um conceito semelhante ao meu de saúde: saúde pública é assistência
domiciliar, é assistência ambulatorial e é saneamento básico, é prevenção. Se é
isso - e o Ver. João Dib concorda, tenho certeza -, nós gastamos mais do que
14% em saúde no Município de Porto Alegre, porque as obras que o DMAE executa
de rede cloacal, as obras que o DEP executa são obras de saúde pública, e aí
saímos dos 14% e vamos a 21%, porque estamos incluindo, nessa visão do debate
do Orçamento global, as despesas com DMAE e com o DEP.
Portanto,
através dessa Emenda à LDO, estabelecemos, no meu ponto de vista, uma
contradição na leitura que fazemos da Lei Orgânica e mostro por quê. O art. 164
da Lei Orgânica, parágrafo 2º, diz: “O montante das despesas com saúde não será
inferior a 13% das despesas globais do Orçamento anual.” Não no plural, no
singular: do Orçamento anual. Com quantos orçamentos anuais a Prefeitura é
constituída? É constituído do Orçamento da Centralizada, das Autarquias e das
Fundações do Município. Se formos entender que estamos falando do Orçamento
anual da Administração onde o órgão de saúde está organizado, que é a
Secretaria Municipal de Saúde, está na Administração Centralizada. Aí a Lei
Orgânica está sendo totalmente aplicada, se é esse o entendimento que o Ver.
João Dib quer dar. Se não é esse, se o entendimento é que tem que colocar DMAE
e DEP juntos, aí teremos que gastar muito mais do que os 13%, porque as ações
do DMAE e do DEP são ações de saúde pública, de saneamento básico. Portanto, a
Emenda e esse debate só tiram o nosso tempo. Temos que discutir o que está
acontecendo em Porto Alegre, se temos ou não política de saúde.
Para
finalizar, penso que temos que fazer um profundo debate sobre o gerenciamento
das verbas do SUS em Porto Alegre, porque hoje o SUS de Porto Alegre é o SUS do
Estado do Rio Grande do Sul. A Cidade de Porto Alegre, hoje, atende todo o
Estado, e o exemplo disso são as crianças de Viamão nascerem aqui, porque lá
não há um hospital credenciado pelo SUS para fazer parto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais bancadas para
encaminhar, em votação nominal o parágrafo único do art. 11. (Após a chamada.) REJEITADO por 14 votos SIM, 11 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO. Mantido,
portanto, o Veto a ele aposto.
Veto
ao art. 1º do PLE nº 017/98.
Este Veto está assinalado como se fosse a
Emenda nº 16, da qual faço a leitura: “O Executivo Municipal encaminhará ao
Legislativo, até 30 de setembro do corrente ano, projetos de lei dos orçamentos
anuais previstos no art. 117 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre,
observando o disposto no art. 118 do mesmo diploma legal, e até 3 de novembro
do corrente ano o Plano de Investimentos para 1999.”
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
peço que a Mesa esclareça o Plenário porque, ao longo desse tempo, houve muitos
debates em torno desta questão pontual, se o Executivo podia ou não vetar parte
da lei, chegando, inclusive, a haver um Parecer da Comissão de Justiça
concluindo que o Executivo não poderia . Posteriormente, o que sei é que o
Projeto teria sido devolvido ao Executivo para fazer a correção e, a partir
daí, tenho dúvidas se o Executivo corrigiu ou insistiu na questão e gostaria de
saber qual foi a posição da Comissão de Justiça a partir daí.
A
Mesa poderia, antes de colocar em votação esse ponto, esclarecer qual foi,
afinal, o encaminhamento dado a essa questão, porque, senão, a Casa, como um
todo, fica prejudicada na decisão, no encaminhamento que venha a tomar, seja
ele qual for.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Antonio Hohlfeldt, sou voto vencido
nesta matéria. A resposta que foi recebida por este Legislativo, enviada pelo
Sr. Prefeito Municipal, nos dá conta de que, se for do entendimento da Casa,
nós podemos aceitar o Veto como se fosse Veto a todo o art. 1º. Essa
Presidência tem entendimento de que essa matéria não poderia ser recebida
assim, mas, ouvida a Comissão de Constituição e Justiça, órgão máximo da Casa
para esclarecer o problema da inconstitucionalidade, deu parecer absolutamente
favorável a esta matéria. Ouvido o Plenário, também houve a concordância do
Plenário de que esse seria o encaminhamento correto. Sendo assim, Ver. Antonio
Hohlfeldt, não sobrou para esta Presidência outra atitude a não ser colocar a
matéria em votação para que os Srs. Vereadores pudessem deliberar a respeito.
Essa é a resposta que tenho a dar a V. Exa.
O
Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar o art. 1º do PLE nº
017/98.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não
posso deixar de dizer aqui da minha profunda tristeza em relação à Comissão de
Constituição e Justiça da Casa, com o seu Presidente, meu amigo, Ver. Elói
Guimarães, que, no caso do Veto anterior, na Comissão de Constituição e Justiça,
votou exatamente de forma diferente do que votou no Plenário. Lá, com todos os
Vereadores, inclusive os Vereadores do PT, se disse que os 13%, com a
assinatura de todos, era em relação ao Orçamento global. Se tem que mudar a
lei, que se mude a lei! Agora, eu não posso admitir que esta Casa vá apreciar
um veto de parte de um artigo, e feito de tal forma pelo Prefeito, por sua
assessoria - e não estou xingando o Prefeito, ele que não diga isso -, que foi
misteriosa.
O art. 1º não é o primeiro a ser examinado.
Está no meio dos outros, e a parte vetada, como normalmente se faz, não está
registrado que foi vetada. E por que esta Casa está reunida aqui para discutir
o Orçamento se não pode analisar as obras que serão executadas? Ou estamos aqui
para dizer amém? Então, a minha profunda tristeza com a Comissão de Justiça,
com o seu Presidente, meu amigo Ver. Elói Guimarães, mas não posso entender por
que se fazem leis nesta Casa, por que se fazem leis neste País. O nosso mal é a
lei.
O
Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande, no ano de 1830, dizia:
“Chega de leis; as que existem são suficientes; basta que sejam cumpridas. Lei”
- dizia ele ainda - “deve ser fruto da razão, da experiência e da luz.” Aqui
nós fazemos leis para agradar, em quantidade, como se fossem histórias em
quadrinhos, para pôr o nome embaixo, porque depois não são cumpridas. E nós
juramos cumprir a Lei Orgânica, juramos cumprir a Constituição, e passamos mais
de um mês sem votar os vetos. Por que discutir o Orçamento se são sabemos quais
as obras que serão realizadas? Por acaso não chamei a atenção de que, das obras
do Orçamento Participativo para o ano de 1998, apenas 27% estavam empenhadas no
dia 30 de agosto? Não sabemos o que acontece. E apenas 8% estavam pagas.
Estamos aqui para dizer “sim” ao Executivo.
O
meu amigo Ver. Mário Fraga não tinha votado. Pediu abstenção - e até entendi,
porque ele está chegando neste dia -, mas depois pede para trocar o seu voto.
Mas ele jurou aqui cumprir a Lei Orgânica, como jurou o Ver. Elói Guimarães,
como juraram todos os Vereadores. E o que é que nós fazemos aqui? Dizemos “sim”
ao Executivo. E, depois, o Prefeito é capaz de dizer que eu estou xingando.
Fiquei triste quando assisti pela televisão. Estava presente a Vera. Maria do
Rosário. Ela poderia ter dito: “Não, o Ver. João Dib critica, mas não xinga.”
Mas ela não disse nada. Deixou passar. Se eu estivesse lá, eu diria: “A Vera.
Maria do Rosário é muito educada; não xinga o Prefeito; não xinga o
Governador.” Eu diria isso, e ela sabe que eu diria isso. Agora, o Prefeito
disse que eu o xingava, na presença da Vera. Maria do Rosário, e ela não disse
nada. Eu não estou xingando o Prefeito. Eu estou dizendo que nós temos o dever,
não é o direito, de conhecer as obras que são realizadas pela Prefeitura, para
as quais nós estamos dando cobertura orçamentária. Mas o Prefeito,
sistematicamente, nega a esta Casa o conhecer das obras a serem realizadas. É
porque ele não quer ser fiscalizado. Mas nós conseguimos fiscalizar sem saber
quais as obras que deixaram de ser feitas ou não na execução orçamentária.
Como
eu disse, neste ano apenas 27% dos investimentos previstos foram empenhados.
Este fato - e os Vereadores sabem melhor do que eu - não significa que a obra
seja realizada. Realizaram apenas 8%; esses já foram pagos. Os outros estão em
andamento, para 30 de agosto. Imaginem que depois de amanhã venha outra
execução orçamentária e que nós tenhamos outras condições para setembro. E nós
vamos cuidar.
Então,
eu não vejo por que esta Casa se reúna, debata, discuta e depois passa por cima
da Lei Orgânica, Lei Orgânica que cada um dos trinta e três Vereadores, no dia
1º de janeiro de 1997, jurou cumprir. É a lei do Município, é a Constituição do
Município, é a número um. Sem ela não há Município. Eu não sei por que nós não
aceitamos as colocações que são feitas pelos Vereadores que estudam com
dedicação. Mas eu espero que o Veto do Prefeito seja derrubado. Saúde e paz!
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
dirijo-me respeitosamente a V. Exa. Eu entendo que nós continuamos com um
problema formal no encaminhamento deste Veto específico, não dos demais. A
Comissão de Justiça, pelo que li nos autos, no Parecer do Ver. Elói Guimarães e
aprovado na Comissão por unanimidade e depois pelo Plenário, entendeu que tinha
que ser devolvido ao Prefeito, porque realmente não cabia a forma do Veto que
havia sido praticado. O Prefeito, posteriormente, respondeu a esta Casa,
dizendo que, se a Câmara assim entendia, ele estenderia o Veto a todo o artigo.
Foi a posição do Executivo.
A
partir daí eu continuo com a minha indagação, Sr. Presidente, porque não consta
dos autos do processo - e no meu entendimento há que constar - se a Casa, e
muito especialmente a Comissão de Justiça, avaliou a resposta do Executivo. Se
avaliou, que posição vai ser tomada? Ela teve a apreciação do Plenário? Porque,
para mim, essas questões são fundamentais para sabermos se nós estamos
condizentes para poder votar ou não. Veja: sem entrar, Sr. Presidente, no
mérito do conteúdo, mas apenas a parte formal.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Antonio Hohlfeldt, até o ponto da
resposta do Sr. Prefeito Municipal, V. Exa. conhece bem e porque está dentro do
processo. Quando chegou aqui a resposta do Sr. Prefeito Municipal, nós
novamente consultamos a Comissão de Justiça, mas não está realmente dentro do
processo a manifestação da Comissão de Justiça, muito embora a Comissão de
Justiça tenha-se manifestado pela acolhida da manifestação do Sr. Prefeito
Municipal.
Não
satisfeito, eu fiz uma comunicação à Procuradora da Casa, Dra. Marion,
procurando uma orientação, já que não satisfazia também a esta Presidência o
fato de o Sr. Prefeito Municipal apenas citar que, se nós assim o quiséssemos,
poderíamos transformar aquele Veto inicialmente parcial num Veto total, naquele
art. 1º. Recebi, por parte da Dra. Marion, que nós deveríamos aceitar o Veto
tal qual o Sr. Prefeito Municipal havia sugerido. Eu, pessoalmente, Vereador,
me filio à corrente de V. Exa., acreditando que, realmente, nós temos uma
dificuldade muito grande em colocarmos este Veto em votação, ainda mais que o
Veto diz respeito a uma emenda e, no meu entender, também é uma ingerência do
Executivo Municipal no processo que tramitou aqui na Câmara Municipal. Mas
acontece que este Vereador é voto vencido porque a Comissão de Justiça, que se
manifestou sobre a matéria, a Procuradora da Casa, que se manifestou sobre a
matéria, e o Plenário, que foi ouvido também - só que V. Exa. tem razão, porque
os dados não estão ainda no processo -, todos, na verdade, não o Plenário na
sua totalidade, mas aqueles Vereadores que estavam presentes, resolveram por
aceitar assim a manifestação que foi feita pelo Sr. Prefeito Municipal,
estendendo o Veto a todo o artigo. Cabe a V. Exa. - e V. Exa. tem razão, já
houve uma manifestação -, se assim o quiser, a ouvida do Judiciário para que o
Judiciário possa dirimir dúvidas que porventura possam existir, mas esta
Presidência não tem como encaminhar o assunto de outra forma.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, acolho a colocação de V.
Exa. Não vou entrar no mérito da questão neste momento, mas requeiro a V. Exa.
que, antes de nós continuarmos os encaminhamentos dessa questão, se faça o
ajunte ao processo dessa parte toda da tramitação que não consta do processo.
Nós estaremos, realmente, incorrendo num outro erro. E não é o erro da
Presidência ou da Mesa, mas toda essa questão faz parte de um único processo.
Tem que constar desse processo e não existe. Eu gostaria de ter esse material
em mãos quando eu fizer o meu encaminhamento, porque sou eu, casualmente, o
autor desta Emenda. E, mais do que isso, entendo que há uma série de erros
cometidos e, se for o caso, cometidos pelo conjunto da Casa, e realmente eu
pretendo recorrer. Não há como tramitar sem entrar no mérito, sem sequer as
peças legais estarem incluídas no processo. Eu gostaria que nós passássemos ao
Veto seguinte, enquanto a Diretoria Legislativa providencia na complementação
do processo, ou suspendêssemos a Sessão até que ele seja complementado para
que, nos encaminhamentos, nós tenhamos, ao menos, o conjunto completo de todas
as peças legais que informam o processo.
O SR. PRESIDENTE: Eu vou ouvir o Presidente da Comissão de
Justiça, Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, se bem ouvi V. Exa.,
penso que V. Exa. incidiu num pequeno equívoco no sentido de dizer que a
Comissão de Justiça tomou conhecimento da carta-resposta do Sr. Prefeito
Municipal. Então, informo a V. Exa. que o Presidente da Comissão de Justiça
está tomando conhecimento agora da resposta.
O SR. PRESIDENTE: Foi discutido no Plenário, e este
Vereador teve a oportunidade de ocupar inclusive, Ver. Elói Guimarães, a
tribuna da Casa para se manifestar contrariamente.
O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): Eu falo no que diz respeito à Comissão
de Justiça, à resposta do Sr. Prefeito Municipal ao Parecer formulado por este
Vereador, na Comissão de Justiça, e que foi remetido ao Prefeito Municipal. Da
resposta a esse Parecer só agora estamos tomando conhecimento, do ponto de
vista formal da Comissão de Justiça. E eu só agora tomo conhecimento da
resposta do Sr. Prefeito Municipal. Então, entendo, Sr. Presidente, que esta
preliminar levantada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt é embargativa, é obstativa do
processo de discussão específica do dispositivo ora em discussão. Esse é o meu
entendimento.
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
parece-me que as tarefas que envolveram a nós todos num processo eleitoral que
recém findou ontem podem ter trazido alguns problemas de comunicação, mas eles
têm que ser, por ordem, dirimidos. Não há falta de nenhum documento, e acho que
V. Exa. e o próprio Ver. Antonio Hohlfeldt emitiram aqui juízos de valor que
são intempestivos. Vou voltar para esclarecer de forma cabal essa matéria.
Informo
que, quando veio o Veto parcial do Poder Executivo à LDO, houve o entendimento
de alguns parlamentares, incluindo V. Exa., de que não seria possível haver
vetos a emendas. Face à questão, essa matéria foi remetida à Comissão de
Constituição e Justiça devido a um Requerimento escrito do Ver. João Dib que
continha três questões. A primeira questão dizia que o Prefeito teria incorrido
em crime, inclusive porque teria surrupiado - são palavras do Ver. João Dib -
de forma sub-reptícia trechos do Veto. Depois, foi retirado porque se verificou
que havia um Veto à Emenda. Na Comissão de Constituição e Justiça, foram
deixadas claras três questões. A primeira diz que não seria apropriada a
primeira parte do Requerimento do Ver. João Dib que, inclusive, foi por ele
retirada. A segunda questão, conforme entendimento da Comissão de Constituição
e Justiça, que é formada por sete bacharéis em Direito, diz que não caberiam
vetos a emendas. Este Vereador foi vencido na discussão. Entendo que cabe. Mas,
enfim, votei também com meus pares, no sentido de que descaberia. A terceira
questão é sobre dar-se o prazo de vinte e quatro horas para que o Poder
Executivo pudesse ou manter a sua posição ou refazer o Veto se assim o
entendesse.
O
Poder Executivo, em menos de vinte e quatro horas, encaminhou a esta Casa um
ofício tecendo considerações no sentido de que, no seu entendimento, é possível
vetos a emendas, mas, considerando o clima de harmonia que rege as relações do
Executivo com esta Casa, entendeu no sentido de que o Veto seria de todo o
artigo. Esse documento, como eu disse, em menos de vinte e quatro horas veio a
esta Casa e foi apregoado por ela. Então, não há falta de nenhum instrumento.
Não caberia voltar esse Ofício que veio do Prefeito à Comissão de Constituição
e Justiça, pois esta teve o entendimento de dar o prazo de vinte e quatro
horas. Foi dado e respondido pelo Prefeito. O Ver. Antonio Hohlfeldt alega que
não consta no processo o Parecer da Comissão de Constituição e Justiça.
Eu
quero dizer a V. Exa., nobre Ver. Antonio Hohlfeldt, que consta do processo;
portanto, não há nenhum óbice para que venhamos a apreciar a matéria.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Juarez Pinheiro, não quero “cortar”
V. Exa., mas eu vejo razão nas ponderações feitas pelo Ver. Antonio Hohlfeldt.
V. Exa., que é advogado, sabe muito bem que nós só podemos discutir as peças
que estão no processo, e esse processo vem com o vício de não trazer a decisão
da Comissão de Constituição e Justiça com relação à devolução desse documento
pelo Sr. Prefeito Municipal, pelo que esta Presidência vai tomar a seguinte
deliberação...
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento):
Sr. Presidente, se V. Exa. deliberar pela suspensão dos trabalhos, que nós
possamos inverter a ordem da votação e analisemos as demais emendas, se bem que
quero encaminhar contrariamente a essa decisão, requerendo, na medida em que
acredito que esse procedimento já foi analisado pelo Plenário.
O SR. PRESIDENTE: Nós vamos suspender os trabalhos por
cinco minutos e encaminhar imediatamente para que a Comissão de Constituição e
Justiça possa reunir-se e vir com uma deliberação.
Ver.
Elói Guimarães, a V. Exa., que é Presidente da Comissão, eu pediria que, na
interrupção dos trabalhos, com a Comissão de Constituição e Justiça, dirima
todas as dúvidas.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Vereador-Presidente, parece-me que é
equivocada essa decisão, salvo melhor juízo, pelo seguinte: se esta Casa
entender de encaminhar à Comissão de Constituição e Justiça, que teve o
entendimento, em parecer aprovado pelo Plenário, de que o Executivo poderia
dizer se o Veto seria somente à expressão ou circunscreveria todo o artigo - e
assim o foi pelo Executivo -, seria uma demasia, um pleonasmo voltar à Comissão
de Constituição e Justiça.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Juarez Pinheiro, eu não quero fazer
essa discussão com V. Exa. Considero muito V. Exa., mas eu pediria que, por
favor, nós pudéssemos ouvir.
Com
a palavra, a Vera. Maria do Rosário.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento): Tenho um outro encaminhamento para o qual
eu apelaria a V. Exa.: que nós pudéssemos votar as outras duas emendas, e essa
Emenda ficaria para a Comissão de Constituição e Justiça analisar ao final.
O SR. PRESIDENTE: Vera. Maria do Rosário, é que, como a Comissão
de Constituição e Justiça é formada por sete Vereadores e como eu estou pedindo
que ela se reúna rapidamente para dirimir dúvidas, nós não poderíamos seguir
aqui nos trabalhos, já que precisamos de dezessete Vereadores.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, eu estou apresentando um
Requerimento, e o meu Requerimento é diferente.
O SR. PRESIDENTE: V. Exa. pode apelar da decisão da Mesa
para a Comissão de Justiça, mas essa é a decisão.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: V.Exa. está alterando a correlação de
forças que existe neste Plenário para a votação das emendas. Estamos votando as
emendas com uma correlação e viemos para o Plenário com outra correlação. Acho
que as demais emendas vão ficar prejudicadas. V. Exa. está prejudicando todo o
processo.
O SR. PRESIDENTE: Vamos suspender os trabalhos, pedindo
para que o Ver. Elói Guimarães reúna a Comissão de Constituição e Justiça.
Peço
que V. Exa se manifeste na reunião da Comissão de Constituição e Justiça e,
logo após, reabriremos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 16h45min.)
O SR. PRESIDENTE (às 18h03min): Estão reabertos os trabalhos.
Solicitamos ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores
para retomarmos a Ordem do Dia, no momento da votação do art. 1º do PLE nº 017/98
- Veto à Emenda nº 16 - de acordo com a redação que veio do Executivo
Municipal.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Após a chamada.) Não há quórum.
O SR. PRESIDENTE: Comunicamos aos Srs. Vereadores que o
feriado de quarta-feira, dia 28, Dia do Funcionário Público, será transferido
para o dia 30, sexta-feira.
Não
havendo quórum, damos por encerrada a presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h10min.)
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